Friday, March 13, 2015

A estrela solitaria

O que havia dentro do envelope: fotos minhas, informacoes sobre meu passado na Alemanha, meus estudos de doutorado e uma carta bastante atenciosa do Sr. Walter, o zelador do meu predio. Ele havia impresso em cores e plastificado tudo o que ele achou sobre mim no Google. Isso era assustador.
Eu subi correndo as escadas do predio, ate o meu apartamento no terceiro andar. Abri a porta da cozinha ofegante, acendi a luz, e ao assentar-me na cadeira, meu celular tocou.
- Ola, acabo de ver que voce chegou em casa.
Sim, era ele! O velhinho estava la de plantao, observando tudo da sacada e esperando a hora que eu retornaria em casa e encontraria aquela surpresa.
A perseguicao continuou nos proximos dias, com mais cartas, presentes e tentativas de visitas a noite.
Eu tinha um spray de pimenta e nao saia de casa sem ele.
O medo de uma companhia indesejada se tornou maior que a solidao. Mas o isolamento tambem nao se parecia em nada com uma protecao.
- Voce precisa de um namorado - disse um colega de trabalho finlandes que eu acabara de conhecer durante um curso.
Aquele momento tumultuado nao era o mais apropriado para um romance. Eu trabalhava muito na empresa, havia muito o que aprender no novo emprego. O processo de adaptacao no novo pais seguia lentamente, e a pe. Eu tentava tirar minha carteira de motorista naquela epoca. O mercado mais proximo ficava a 1.5 Km e eu vinha carregando as minhas sacolas pesadas, observando a lua nascendo entre  as montanhas.
Pensamentos de uma vida mais equilibrada me acompanhavam continuamente: em um futuro proximo tudo se estabilizaria.