Monday, June 2, 2014

Das coisas inexplicáveis...

"E Deus disse: Moisés, diga ao povo que marche!" - explicava meu pai sentado a mesa farta na hora do almoço. Na casa de Dona Clores, minha avó, não é apenas o alimento para o corpo que é abundante, mas também aquele para a alma. A minha família de reformados, mesmo após a ida do vovô, continua esbanjando discussões teológicas com carne assada e bons vinhos.
"Ele não deu uma direção específica, quantos graus para o norte, quantos centímetros deveriam parar em frente ao mar... Ele penas disse que marchem. O povo marchou e o resto aconteceu." - continuava meu pai.
Argumentos ou contra argumentos surgiam dos vários tios, tias, primos... Todos protegidos por referencias diversas e a conversa se estendia até o entardecer.
Os gatos passeavam entre as nossas pernas sob a mesa e era difícil resistir a mais um pedaço de bolo.
Naquele momento, eu comecei a entender qual era a minha mensagem. Era hora de marchar.
Minha avó segurou a minha mão novamente e me disse: "Filha, estamos muito felizes por você e seu novo emprego. Vá com Deus para esse reino e encontre seu príncipe no alto da montanha."
É bastante claro que um dos últimos sonhos da minha avó é ver o meu casamento. Eu pedi a Deus que ela viva o suficiente para isso.
Mas após esses momentos, eu pude sentir que todas a minhas inseguranças quanto a me estabelecer em uma terra nova eram apenas pequenos detalhes. Encontrar um apartamento, comprar toda a mobília, conhecer pessoas novas, isso tudo que eu pedia são coisas tão pequenas comparados a imensidão do nosso criador. O meu temor era apenas uma reflexão da minha falta de fé.
Passeando com meu irmão a beira do rio,  nós tiramos várias fotos, demos boas risadas e eu pude me despedir da paisagem que sabia demoraria para ver novamente.
Então, com o contrato assinado, parti novamente. Dessa vez levando comigo todos os documentos que havia esquecido da última vez.




2 comments:

  1. Oi, Dé!
    Tive que "marchar" pra trás (lendo os posts anteriores) pra tomar ciência do assunto.
    Conclui que, afinal, é da sua estabilidade familiar que vem a força pra pôr a "mochila na costas" e "marchar". Sua estabilidade familiar... Moisés sabia!
    Agora, quero acompanhar sua saga.

    Abração
    Jan

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  2. Ah que legal, tava aqui tao ansiosa pra saber se voce tinha aceitado ou nao o contrato pra trabalhar la. Desejo muita sorte e que Deus possa abencoar seus planos nessa nova etapa.
    Beijinhos

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