Saturday, April 12, 2014

Um reino encantado

Ele tinha uma voz muito simpática. Disse que ligava de uma empresa que ficava em um pequeno país chamado Liechtenstein (precisei dar um mega zoom no Googlemaps para encontrar). Ele disse também que cobriria todas as minhas despesas com transporte e hospedagem caso concordasse em comparecer para a entrevista.
Mesmo que exitante, simplesmente fui.
Fui de trem. Alias, trens. Precisei de várias conexões até chegar na borda da Suíça em um pequeno vilarejo localizado no vale entre duas cadeias montanhosas chamado Buchs. De lá peguei um táxi que atravessou a fronteira para o reino de Liechtenstein.
Era um domingo, o sol estava a se por entre as montanhas. Pela janela do carro eu observava a paisagem encantadora, porem solitária. Não havia ninguém  pelas ruas, em parte alguma. Parecia uma cidade fantasma. O taxi parou em frente ao meu hotel. Também vazio. Embora a porta estivesse aberta, não havia ninguém na portaria, ninguém no restaurante, ninguém na sala de espera... Porém havia um envelope em cima do balcão e meu nome estava escrito nele. Dentro, uma chave e um número.
Aquilo tudo era para mim estranhamente intrigante.
Felizmente no dia seguinte pude ver alguns poucos funcionários do hotel no café da manha. Todos eram muito simpáticos e eu adoro uma conversa... Mas eu tinha um compromisso a comparecer.
Após uma longa entrevista na empresa - quase cinco horas - finalmente me disseram que eu poderia voltar para casa e caso fosse selecionada, entrariam em contato comigo. Exausta, chamei o taxi novamente.
Ao me deixar no hotel, o taxista disse:
- Você é uma pessoa muito simpática, descanse um pouco e se quiser mais tarde eu te levo para fazer um tour pelo reino.
Fiquei surpresa pelo convite. O taxista também não me deixou pagar pela corrida.
Desconfiada, cansada e sem entender nada, fui para o meu quarto.
Mas pensando bem, já que eu estava por lá, porque não ir dar uma voltinha?
Aceitei o convite daquele homem desconhecido, naquele país onde eu nunca estive antes.
Achei que seria melhor correr o risco do que ficar o resto do dia no hotel acessando o Facebook...
Ele era nativo daquela região. Nascido e crescido em Liechtenstein. Com muto orgulho, ele me levou pelas montanhas e castelos. Era apenas mais uma alma solitária em busca de uma boa conversa. Eu havia encontrado o meu primeiro amigo naquele país.
No dia seguinte parti para Darmstadt, na Alemanha, sem saber que retornaria em breve para aquele reino...
Eu, visitando a plantação de uvas do príncipe de Liechtenstein. - Foto tirada pelo meu amigo taxista.